quarta-feira, 4 de março de 2015

Felizmente Há Luar!

Felizmente Há Luar de Luís Sttau Monteiro, no ponto de vista sociológico, trata-se de uma peça em que nos é retratado, em dois actos, a injustiça da repressão (no caso de Gomes Freire de Andrade que, por se achar ser o chefe de uma revolta liberal em 1817, levou à prisão e ao seu enforcamento, pelo regime de Beresford, com o apoio da Igreja) e das perseguições políticas.
A obra pretende criticar a hipocrisia da sociedade, a defesa intolerante da justiça social, a luta do ser humano contra a tirania, a opressão, a traição, a injustiça, e todas as formas de perseguição. Mostra-nos a preocupação dos homens mais humildes (povo) com o seu destino, a luta contra a miséria e a alienação. Denúncia a ausência de moral, alerta para a necessidade para o surgimento de uma sociedade solidária que permitia a verdadeira realização do homem. De acordo com Brecht, Sttau Monteiro nesta peça, por si só, apresenta uma técnica de reflexão, de levar o espectador a reflectir sobre acontecimentos passados e a tomar posições na sociedade em que se insere. Deste modo, pertente que o espectador tenha um olhar crítico para se aperceber e criticar as injustiças e opressões.
 O próprio título proferido, ora por D. Miguel, ora por Matilde, salienta os mundos opostos em que cada um vive: D. Miguel, símbolo do poder, o título representa as trevas e o obscurantismo, salientando o efeito dissuasor das execuções, querendo que o enforcamento de Gomes Freire de Andrade se torne num exemplo para todos aqueles que se opõem ao regime; enquanto, o titulo proferido por Matilde, símbolo da resistência, da esperança e do anti poder, simboliza a caminhada da sociedade em busca de liberdade. “ Felizmente há luar” dito por Matilde, demonstra coragem e estímulo para que o povo se revolte contra a tirania.
É nas personagens, onde podemos encontrar as maiores críticas da sociedade. Gomes Freire, apesar de não aparecer, é evocado como uma esperança do povo, defensor dos oprimidos. Acredita na justiça e luta pela liberdade. D. Miguel Forjaz, corrompido pelo poder, autoritário; Principal Sousa, presenta a desonestidade da religião, corrompido pelo poder eclesiástico; Beresford, oportunista, autoritário, preocupa-se somente com a sua carreira; Vicente representa todos aqueles que denunciam o seu povo para conseguir a ascensão social; Manuel denuncia a opressão e miséria a que o povo está sujeito; Matilde de Melo representa uma denúncia da hipocrisia do mundo e dos interesses que se instalam a volta do poder; Frei Diogo representa um eclesiástico honesto;

Há que imperiosamente lutar no presente pelo futuro e dizer não à opressão e falta de liberdade, há que seguir a luz redentora e trilhar um caminho novo. 

Patrícia Pinto Ferreira nº17

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